História da aromaterapia
- Óleos essenciais e vegetais
- 30 de jul. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 21 de set. de 2022

Autor (a): Heloísa Pyrich Cavalheiro
Imagem: Heloísa Pyrich Cavalheiro
Produzido em 19/06/2020
PRÉ-HISTÓRIA
Durante o período neolítico (de 10000 a.C. a 4000 a.C.), tribos aprenderam a cultivar plantas e extrair óleos vegetais graxos por meio da pressão entre pedras. Além disso, adquiriram conhecimento em relação à toxicidade de algumas plantas.
Já entre 7000 e 4000 a.C., os ácidos graxos dos óleos de gergelim e oliva eram combinados com óleos essenciais e plantas fragrantes para criar pomadas neolíticas.
IDADE ANTIGA
No Egito antigo, o processo de enfaixamento e mumificação incluía banhos com unguentos, essências aromáticas e unções alquímicas, sendo que os sarcófagos (espécie de caixão funerário) também eram aromatizados.
Ademais, os sacerdotes fabricavam pomadas e unguentos medicinais, que demandavam grande domínio das técnicas de extração dos compostos vegetais por destilação e infusão a quente. Conheciam, ainda, propriedades terapêuticas de certas drogas e possuíam conhecimento básico em farmacodinâmica.
Após o desenvolvimento do papiro (2551 a 28 a.C.), foram registrados conhecimentos a respeito do uso medicinal das ervas. Alguns apresentam fórmulas médico-místicas, compostas por aproximadamente 125 ervas e óleos essenciais. Desses, alguns são desconhecidos pelos botânicos da atualidade, e outros usados até hoje, como anis, canela e açafrão.
No reinado do faraó Khufu, foi comum o uso de pomadas cicatrizantes feitas com resinas e óleos essenciais.
Na Babilônia, por volta de 1800 a.C., o uso de óleos essenciais era parte da rotina de cuidados com a saúde, sendo que sumérios, egeus, assírios, caldeus e persas também utilizavam desse conhecimento.
No Mediterrâneo, a população da Ilha de Creta construiu povoados portuários (2600 a.C.), onde eram comercializados - além de cereais, vinho e resinas - óleos essenciais e azeite. Logo, a medicina creto-micênica serviu de base para os gregos no que diz respeito ao emprego das ervas aromáticas para extração de óleos balsâmicos e produtos antissépticos. Quanto aos gregos, utilizavam plantas para incensos, higiene corporal e para perfumar roupas, corpo e alimento.
Hipócrates, o pai da medicina, considerou a massagem com óleos essenciais uma terapia. O discípulo de Platão e Aristóteles, Teofrasto, foi o precursor das pesquisas com óleos essenciais e seus efeitos, sendo que escreveu obras botânicas importantes como “História das plantas” e “Origem das plantas”. Já o pai da farmacologia, Pedânio Dioscórides (90-40 a.C.), além de pesquisar sobre a origem da destilação, organizou o receituário de ervas e óleos medicinais que os médicos usaram por até 1500 anos. Com o surgimento do vidro, o Império Romano conseguiu bloquear a volatilização dos compostos presentes em óleos essenciais.
IDADE MÉDIA
Ibn Sina, também conhecido como Avicena, em um período póstumo, descobriu o método da destilação e extraiu com sucesso o óleo essencial de rosas. Além disso, escreveu um livro em que descreve a ação das plantas e temperos aromáticos: Kitab al- Qanun, o Cânone.
Durante as Cruzadas religiosas para unificação do Cristianismo (1096-1291), missionários levaram ingredientes do Oriente para a Europa, incrementando o conhecimento acerca do uso de óleos e plantas aromáticas. Ademais, confrarias de boticários tiveram importante papel na peste negra, visto que queimavam incensos naturais como de pinho, louro e alecrim, nas casas e hospitais com enfermos, pois sabiam de suas atividades antibacterianas.
Na Idade Média, a busca pela pedra filosofal – suposto preparado químico que transformava qualquer metal em ouro - trouxe inúmeras experiências feitas pelos alquimistas, resultando no desenvolvimento de processos fundamentais para a indústria da perfumaria. A alquimia aplicada buscava obter propriedades das plantas extraindo sua quintessência, destilando-as várias vezes até que suas qualidades passassem para outro estado.
Em 1370, criou-se a Água de Toilette para a rainha húngara Isabele, combinando óleos essenciais com uma base alcoólica.
Durante as grandes navegações, a dificuldade de acesso aos produtos vindos da Índia - e considerando as condições climáticas e vantagens geográficas adequadas - fez com que a França (Grasse) se tornasse o lugar ideal para cultivar diversas ervas e plantas orientais.
IDADE MODERNA
Difunde-se, no movimento renascentista, a arte da perfumaria, transformando a lavanda em um cheiro popular na Europa. Isso foi possível pois o espírito científico desse período substituiu a alquimia pela química, aprimorando os processos de destilação e a qualidade das essências destinadas aos perfumes.
O livro “Liber de distillatione”, escrito por Giovanni Battista della Porta (alquimista italiano) em 1563, especificou os óleos carreadores, os óleos essenciais e os métodos que podiam separá-los das águas destiladas aromáticas.
Com o avanço das pesquisas científicas, no século XVII, substâncias químicas que seriam prescritas na medicina foram descobertas, ampliando o conhecimento em plantas e animais.
Em 1639, é publicado o livro “História natural do Brasil”, por Jorge Marcgrave e Guilherme Piso, que abrange os hábitos brasileiros no uso de plantas medicinais, principalmente chás e unguentos feitos com plantas ricas em óleos essenciais receitados pelos curandeiros negros, mulatos, pajés e caboclos. No mesmo período, o inglês Nicholas Culpeper (médico e astrólogo) desenvolveu estudos que afirmam a capacidade dos condimentos de curar diversas doenças, devido a presença de óleos essenciais.
IDADE CONTEMPORÂNEA
Na França, em 1928, surge o termo “aromaterapia”, com o químico Maurice René de Gattefossé trabalhando com óleos essenciais em cosméticos. Gattefossé descreveu, em uma de suas obras, como os óleos essenciais penetram pelo nariz e pela pele, atuando sobre o sistema nervoso e, então, aliviando estados de ansiedade e depressão.
A mãe da aromaterapia, Marguerite Maury (austríaca, enfermeira e assistente cirúrgica) criou “prescrições individuais” ao combinar a massagem com os óleos essenciais em misturas específicas para cada pessoa. Sua obra literária “Le capital ‘jeunesse’”, de 1961, é considerada uma referência do tema, pois abrange conteúdos de saúde, beleza, tratamentos e dietas com ervas e óleos essenciais. Além disso, a austríaca fundou a primeira clínica aromaterápica, ensinando e praticando a aromaterapia.
Em 1964, o médico e presidente da Societé Française de Phytoteraphie, Jean Valnet, tratou de combatentes e feridos na Segunda Guerra Mundial com ervas e óleos essenciais, com base na aromaterapia.
REFERÊNCIAS:
CORAZZA, Sonia. Aromacologia: uma ciência de muitos cheiros. 4. ed. São Paulo: Senac, 2002.

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